Unasul deve rejeitar uma
intervenção militar na Síria sem aval da ONU
Para chanceler
brasilero, uso de armas químicas 'é muito grave' mas ação não pode contrariar
direito internacional
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Fernando Gallo, enviado especial a Paramaribo
PARAMARIBO - A União de Nações
Sul-Americanas (Unasul) deve rejeitar, durante a reunião de chefes de Estado
que ocorre nesta sexta-feira, 30, uma eventual ação militar na Síria sem
autorização do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A
posição deverá ser expressada em um ponto da carta que foi discutida
quinta-feira pelos ministros dos países da Unasul e que deverá ser ratificada
pelos chefes de Estado nesta sexta.
Segundo o ministro das Relações
Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, na versão atual da carta, que
ainda está em discussão, a Unasul "se refere à gravidade da situação, ao
fato de que armas químicas foram usadas, o que é muito grave, mas ao fato
também de que não se pode pensar em uso da força para intervenção sem
autorização explícita das Nações Unidas".
Figueiredo ressaltou que a posição é a
mesma que o governo brasileiro adota em relação ao tema. "A
posição do governo brasileiro é muito forte no sentido de que não se pode usar
a força sem que isso responda aos requisitos da carta das Nações Unidas, ou
seja, o uso da força para defesa própria ou autorizado por uma resolução do
Conselho de Segurança das Nações Unidas. O que quer que seja feito fora desse
marco é ilegal do ponto de vista do direito internacional e nós não
concordaremos com isso."
Atuação. Indagado se seria um ministro de continuidade ou em relação à gestão
Antonio Patriota, Figueiredo respondeu: "a política externa é a política
externa do governo Dilma Rousseff. Isso não muda. (Mas) Há correções que
eventualmente terão que ser feitas."
Questionado sobre quais seriam
as correções, ele afirmou que "há várias coisas sob exame". "O
caso da retirada do senador boliviano da embaixada brasileira e a sua condução
sem garantias ao território brasileiro é um fato grave e que está sendo apurado.
Procedimentos têm que ser aperfeiçoados para que situações como essa jamais
aconteçam novamente."
O ministro também avaliou a
reintegração do Paraguai à Unasul, que classificou como "muito
natural". "Essa reintegração é vista com muita alegria por todos os
chefes de Estado que estão aqui e ocorrerá naturalmente."