terça-feira, 27 de agosto de 2013

BRASIL - ELEIÇÕES 2014

Ponto Final - Eles só pensam em 2014

27/08/13 13:25 | Octávio Costa (ocosta@brasileconomico.com.br)
O cenário das eleições do ano que vem só ficará mais claro no próximo dia 5 de outubro, quando termina o prazo para filiação partidária dos futuros candidatos à presidência da República.
O tempo de negociações, portanto, está se afunilando e a reta final promete fortes emoções. José Serra, por exemplo, vai continuar no PSDB ou se filiará a outro partido? Marina Silva conseguirá o registro de sua Rede Sustentabilidade ou terá de recorrer a outra legenda, talvez o Partido Verde? Em alternativa mais radical, Serra e Marina, sem partido, podem simplesmente jogar a toalha e abrir mão da candidatura em 2014. Parece improvável, mas tudo pode acontecer até a data limite da Justiça Eleitoral.
Na principal disputa sucessória, apesar dos percalços recentes, a posição mais confortável continua a ser a da presidente Dilma Rousseff, que já recuperou parte do prestígio. Nas pesquisas de opinião do Datafolha e do Ibope, ela voltou a se aproximar dos 40% de aprovação, o que lhe garantiria uma passagem segura para o segundo turno. O retorno aos índices de 60% e a vitória no primeiro turno, porém, parecem objetivos mais difíceis.
Quanto ao netos de Tancredo Neves e Miguel Arraes, tudo indica, por ora, que Aécio e Eduardo Campos estarão mesmo no páreo, mas é cedo para dizer se terão chances reais. Por enquanto, os dois estão muito atrás de Marina Silva, a única que cresceu no rastro dos protesto de junho.
Também não há clareza sobre a disputa nos principais estados. No Rio de Janeiro, sabe-se apenas que o governador Sérgio Cabral, bastante desgastado, deve se afastar em janeiro para abrir espaço e não prejudicar a campanha do vice Luiz Fernando Pezão.
Aliado do PMDB há seis anos e meio, o PT ainda não decidiu se terá candidatura própria, apesar da pressão a favor do senador Lindbergh Farias. Garotinho, se a Justiça deixar, será candidato pelo PR, o Bispo Crivela (PRB) quer alçar voo maior e Miro Teixeira tenta encabeçar uma chapa PDT- PSB.
Em São Paulo, a dúvida cerca o PT. Qual será o candidato abençoado pelo ex-presidente Lula para enfrentar Geraldo Alckmin? O ministro Alexandre Padilha, que se projeta com polêmica dos médicos cubanos, é o queridinho da vez?
Nesse contexto de indefinição, dá para entender que o Congresso Nacional só tenha olhos para a eleição do ano que vem. Dedicado às composições possíveis, mais uma vez o Legislativo deixa em plano secundário a discussão da reforma política.
Mas a agenda da sociedade é diferente. Para entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, a mudança no sistema eleitoral e partidário permanece no topo da agenda e deveria entrar em vigor já em 2014. Empresários também têm se declarado a favor de novas regras. Basta ver a cartilha distribuída pelo Pensamento Nacional das Bases Empresariais, com análise aprofundada de cada sugestão. Entre os pontos propostos pelo PNBE, destacam-se a fidelidade partidária, o voto distrital misto, a transparência no financiamento de campanha, a cláusula de barreira e o voto facultativo a médio prazo.
No dia 7 de setembro, haverá manifestações em todo o país. E certamente devem ressurgir as pressões pela reforma política. Desta vez, deputados e senadores deveriam ter o bom senso de se antecipar à voz das ruas. Que ninguém tenha dúvida: o resultado eleitoral de 2014 depende do que for feito aqui e agora.
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Octávio Costa é Chefe de Redação do Brasil Econômico