China construirá uma linha de trem para unir
Brasil e Peru
18/05/15 às 14:40 - Atualizado às
14:41 com informações El Pais e agencias internacional
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang,
durante um pronunciamento (foto: . / EFE)
A China ampliará um pouco mais nesta
semana a sua presença na América Latina, que já é cada vez mais visível. O
primeiro-ministro Li Keqiang chega nos próximos dias ao Brasil e a três países
da Aliança do Pacífico – Colômbia, Peru e Chile – para assinar uma série de
ambiciosos projetos de investimento com esses importantes parceiros comerciais
de Pequim.
As quatro nações, que estão entre as
economias mais abertas da região, respondem por 57% do intercâmbio comercial
entre China e América Latina, que se multiplicou por mais de 20 desde o ano
2000 e já supera os 262 bilhões de dólares. Os investimentos chineses na
região, quase inexistentes há alguns anos, superam atualmente os 100 bilhões de
dólares. Na reunião de janeiro em Pequim com os países da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos, o presidente da China, Xi Jinping, prometeu
destinar 250 bilhões de dólares em investimentos à região ao longo da próxima
década.
A China, segundo o vice-ministro de
Comércio Tong Daichi, “está comprometida em diversificar o comércio com os
países latino-americanos e a importar produtos de maior valor agregado”.
“Esperamos que os países latino-americanos, especialmente esses quatro, possam
desenvolver mais o mercado chinês e exportar mais produtos que satisfaçam os
consumidores chineses”, declarou.
Entre os grandes projetos a serem
impulsionados nesta semana está uma futura ferrovia ligando o Brasil ao Peru, a
ser construída pelos chineses. Para o Governo de Pequim, que ainda se lembra
com amargura do cancelamento do contrato para a construção de um trem de alta
velocidade no México, no ano passado, o desenvolvimento desse projeto na
América do Sul é parte de uma estratégia de exportação da sua tecnologia
ferroviária – um setor que precisa de alternativas devido à desaceleração
interna da economia chinesa e do excesso de capacidade instalada.
A cesta de compras da China na América
Latina
M.V. L/PEQUIM
Apesar das promessas de Pequim no
sentido de diversificar cada vez mais suas importações da América Latina, a
maior parte do comércio da região com a China ainda consiste em
matérias-primas.
O Brasil, que no ano passado exportou
mais de 40 bilhões de dólares para a China, tem na soja sua principal fonte de
negócios, com um volume de 16,6 bilhões de dólares em 2014, segundo o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O ferro
representou 12,3 bilhões, seguido do petróleo (3,5 bilhões), a celulose (1,4
bilhão) e o açúcar (880 milhões de dólares).
A Colômbia exporta principalmente petróleo para a China. No ano passado, o país vendeu produtos num valor de 5,8 bilhões de dólares para a segunda economia mundial, sendo 5,5 bilhões (95,5% do total) em exportações de minérios, petróleo e café, segundo a ProColombia, agência governamental de comércio exterior.
O cobre, o ferro e o chumbo representam 63 % das exportações do Peru para a China. A farinha de peixe (com vendas no valor de 688 milhões de dólares em 2014) é o principal produto não mineral exportado pelo país para o gigante asiático. Ao todo, o Peru exportou um pouco mais de 7 bilhões de dólares para a China no ano passado, sendo 4,3 bilhões só em cobre.
O Chile exportou um total de 18,4 bilhões de dólares para a China em 2014, sendo 14,2 bilhões em cobre. Entre os produtos não minerais, o destaque foi a celulose, num valor de quase 1,2 bilhão de dólares. O escritório nacional de promoção comercial, ProChile, diz que o país sul-americano é o segundo maior fornecedor de vinho para China e o primeiro de uvas e cerejas.
A nova ferrovia permitirá que os produtores brasileiros de soja, ferro e açúcar tenham uma saída direta para o Pacífico, facilitando suas exportações para a China. “Será um grande corredor para as exportações”, afirmou o subsecretário geral do departamento de Política do Itamaraty, embaixador José Alfredo Graça Lima. O Peru, por sua vez, considera que a ferrovia “aumentará a integração nacional” do seu território e a conectividade entre os países da região – o que é justamente um dos princípios da Aliança do Pacífico –, segundo seu embaixador em Pequim, Juan Carlos Capuñay.
A Colômbia exporta principalmente petróleo para a China. No ano passado, o país vendeu produtos num valor de 5,8 bilhões de dólares para a segunda economia mundial, sendo 5,5 bilhões (95,5% do total) em exportações de minérios, petróleo e café, segundo a ProColombia, agência governamental de comércio exterior.
O cobre, o ferro e o chumbo representam 63 % das exportações do Peru para a China. A farinha de peixe (com vendas no valor de 688 milhões de dólares em 2014) é o principal produto não mineral exportado pelo país para o gigante asiático. Ao todo, o Peru exportou um pouco mais de 7 bilhões de dólares para a China no ano passado, sendo 4,3 bilhões só em cobre.
O Chile exportou um total de 18,4 bilhões de dólares para a China em 2014, sendo 14,2 bilhões em cobre. Entre os produtos não minerais, o destaque foi a celulose, num valor de quase 1,2 bilhão de dólares. O escritório nacional de promoção comercial, ProChile, diz que o país sul-americano é o segundo maior fornecedor de vinho para China e o primeiro de uvas e cerejas.
A nova ferrovia permitirá que os produtores brasileiros de soja, ferro e açúcar tenham uma saída direta para o Pacífico, facilitando suas exportações para a China. “Será um grande corredor para as exportações”, afirmou o subsecretário geral do departamento de Política do Itamaraty, embaixador José Alfredo Graça Lima. O Peru, por sua vez, considera que a ferrovia “aumentará a integração nacional” do seu território e a conectividade entre os países da região – o que é justamente um dos princípios da Aliança do Pacífico –, segundo seu embaixador em Pequim, Juan Carlos Capuñay.
Durante a viagem de Li, será autorizado
o início dos estudos de viabilidade da nova ferrovia. Um possível traçado pela
Amazônia seria mais direto e reduziria o tempo de viagem, mas poderia causar um
grave impacto ambiental. Um percurso mais ao sul permitiria incluir outros
países, como a Bolívia.
A visita do Li incluirá outros acordos.
O Brasil, o principal sócio comercial chinês na América Latina, espera, segundo
Graça Lima, assinar cerca de 30 contratos, num valor de 50 bilhões de dólares,
em áreas como a agricultura, aeronáutica, indústria automotiva, infraestrutura,
energia e siderurgia. Entre eles se encontra um acordo para a venda de 22
aviões da Embraer para duas companhias aéreas chinesas, parte de um pacto para
a venda de 60 aeronaves da empresa brasileira a companhias do gigante asiático.
O vice-ministro Tong mencionou também um acordo para a importação de carne
bovina do Brasil.
Na Colômbia, onde Li comemorará o 35.º
aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas bilaterais, o
primeiro-ministro se reunirá com o presidente Juan Manuel Santos e, segundo
Tong, abordará a cooperação em assuntos como o desenvolvimento da
infraestrutura, capacitação em recursos humanos e investimentos.
O Peru, que já tem um tratado de livre
comércio com Pequim e abriga a segunda maior comunidade chinesa na região,
deposita grandes esperanças na visita de Li. Os investimentos chineses em
mineração já representam um terço dos novos projetos neste setor no país, e
Lima pretende receber tecnologias e investimentos em áreas como energia e
telecomunicações.
A viagem de Li terminará no Chile, onde
se reunirá com a presidentaMichelle Bachelet. Segundo o embaixador desse país
em Pequim, Jorge Heine, a visita do premiê a Santiago visa a “dar um impulso ao
investimento” chinês no Chile, que até agora mal alcançou algumas centenas de
milhares de dólares. Serão assinados acordos para evitar a dupla tributação e
para estimular o intercâmbio de divisas, entre outros assunto