Ministro anuncia redução de tropas no Haiti e uso das Forças Armadas
apenas em ação emergencial
Publicado em Quinta, 21 Maio 2015 17:36 | Última
atualização em Sexta, 22 Maio 2015 09:25
Brasília, 21/05/2015 – As tropas das Forças Armadas brasileiras começarão a sair do Haiti em
2016. A confirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, durante
audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do
Senado. De acordo com o ministro, o efetivo militar que neste mês de maio era
de 1.343 homens e mulheres, cairá para 970 em junho, e a partir do próximo ano,
850 militares estarão apenas em Porto Príncipe, capital do país caribenho.
Crédito: Jorge Cardoso / MD
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado recebe
esclarecimentos sobre projetos de Defesa
E, ao complementar
a informação, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças
Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, que acompanhava o
ministro Wagner na comissão, disse que o Brasil será a única nação a ter tropas
na capital haitiana. Ao longo de 11 anos, já foram enviados ao país caribenho
mais de 30 mil militares brasileiros por meio da Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti (Minustah).
O ministro Jaques
Wagner lembrou que a Minustah “é uma das principais e mais importantes” missões de paz com
participação do Brasil. E citou, também, a atuação no Líbano, por meio da Unifil. “A ONU tem
muito respeito por nós nessas atividades”, ressaltou.
Garantia da Lei e da Ordem
Ao ser perguntado
sobre a atuação da Marinha, do Exército e da Aeronáutica em ações
subsidiárias, como no auxílio à segurança pública nas cidades, o ministro
alertou que ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)
“não devem ser perenizadas”. “Não podemos banalizar a GLO. Ela é estritamente
emergencial. Apesar das Forças terem total credibilidade junto à população, não
é próprio da instituição operar nessas atividades”, completou.
Outro fator que
inviabiliza a permanência de militares por tempo indeterminado, em lugares como
o Complexo da Maré e o Morro do Alemão (no Rio de Janeiro), por exemplo, é o
valor de manutenção da tropa. “Custa R$ 1 milhão por dia a presença das Forças
Armadas em GLO”, disse Wagner. Somente no Alemão, foram gastos mais de R$ 200
milhões mantendo esse tipo de iniciativa.
Atualmente, 2,3 mil
militares do Exército e da Marinha estão no conjunto de comunidades da Maré, na
operação São Francisco. Até o começo de abril eram 3,2 mil homens. As tropas
devem deixar o local, segundo cronograma, no fim do próximo mês. No Morro do
Alemão, os militares permaneceram pelo período de 2010 a 2012.
O titular da Defesa
defendeu a proteção das fronteiras, dizendo ser algo “fundamental”. “É melhor
aplicar o dinheiro que se gasta com garantia da lei e da ordem no Sisfron [Sistema
Integrado de Monitoramento de Fronteiras], porque é responsabilidade nossa.
Além disso, o sistema atende todo o território”, afirmou.
O Sisfron pretende
fortalecer a capacidade de ação do Exército Brasileiro na faixa de fronteira do
país, uma área de 16.886 quilômetros de extensão. Trata-se de um conjunto
integrado de recursos tecnológicos, tais como sistemas de vigilância e
monitoramento, tecnologia da informação, guerra eletrônica e inteligência que,
aliados a obras de infraestrutura, vão reduzir vulnerabilidades na região
fronteiriça.
O Ministério da
Defesa também atua em combate ao crime transfronteiriço com as Operações Ágata. Desde
2011, já foram realizadas oito edições. Somente na Ágata 8, que aconteceu no
ano passado, mais de 40 toneladas de entorpecentes foram apreendidas.
Para o ministro, o
tráfico de drogas é um dos problemas que precisa ser atacado. Ele enfatizou que
no período em que ocupou o governo da Bahia, 75% de assassinatos de jovens eram
por envolvimento com entorpecentes.
Assuntos abordados
Ainda na audiência,
Jaques Wagner opinou sobre o serviço militar para mulheres. Ele é favorável,
mas desde que se tenha previsibilidade de quantas mulheres se alistarão e não
apenas que o serviço seja facultativo. O ministro lembrou que as escolas de
formação de oficiais já estão recebendo mulheres. E que, em 2017, a Academia
Militar das Agulhas Negras (Aman), do Exército, irá abrigar a primeira turma
feminina de sua história.
O ministro abordou
também a necessidade de legislações especificas para combate ao terrorismo e o
emprego de drones. Wagner recordou que esteve recentemente na França quando, em
reunião com o colega da Defesa, Jean-Yves Le Drian, conversaram sobre o
atentado ao jornal satírico Hebdo. “Ninguém está fora desse risco”, comentou.
"O terrorismo é um problema da intolerância. É o que tem de mais odiento,
pois atinge inocentes e, muitas vezes, até crianças."
Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa
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