quarta-feira, 13 de maio de 2015

Protesto de policiais intimida população na Zona Norte

A pretexto de se solidarizar com colega de farda, PMs fecham rua na comunidade Jesus Me Deu, que foi palco de tortura, espalham medo na localidade e tentam intimidar trabalho da imprensa

Policiais protestam na Zona Norte
Policiais se concentraram no local próximo onde foi registrada a violência (Reprodução/TV A Crítica)
Dezenas de policiais militares se reuniram na rua São Francisco, na comunidade Jesus Me Deu, no bairro Colônia Terra Nova, na Zona Norte, na noite desta terça-feira (12), para realizar ato de desagravo em frente à casa de um policial militar que afirma estar sofrendo ameaças desde que três colegas da Força Tática foram denunciados por agredirem jovens de 15, 18 e 22 anos, na semana passada.
Embora o policial afirme que o ato foi para dar apoio a ele, outros moradores se disseram intimidados pela iniciativa. Uma equipe de reportagem da TV A Crítica/Record, formada pela repórter Débora Holanda e o cinegrafista Roberto Araújo, foi recebida com xingamentos e impedida de trabalhar pelos participantes do movimento, que fecharam a via pública. Roberto Araújo chegou a ser atingido por latas nas costas e teve a câmera empurrada.
A todo instante que a equipe de TV tentava gravar, eles faziam buzinaço em motocicletas ou gritavam palavras de ordem contra a repórter Débora Holanda. “Vão quebrar vocês”, avisou um manifestante à equipe.
Os moradores contaram que os PMs cantavam gritos de ordens e pronunciavam xingamentos contra os habitantes da área. “Alguns estavam à paisana, outros fardados. Diziam que os motoqueiros fantasmas vão começar a aparecer”, relatou uma moradora, que preferiu não ser identificada, devido o medo de sofrer represálias.

Para o presidente da comunidade, Sidney Ribeiro Guimarães, a atitude dos policias foi intimidadora e atiçou ainda mais o pânico para quem mora na área. “Não somos contra a polícia. Mas desde que esse episódio veio a tona (tortura contra três jovens), a paz acabou aqui na comunidade. Não temos palavras. Nos sentimos reprimidos com essa situação”, afirmou ele.
Segundo o cabo Getúlio, que é dono de um comércio no local, as ameaças a ele e a família aumentaram desde o caso dos policiais da Força Tática foi divulgado pela imprensa local. No entanto, ele afirmou que não teve nenhuma participação nas agressões, nem seria o mandante do ato.
Saiba mais: agressão
O clima de instabilidade na comunidade Jesus me Deu iniciou na semana passada quando A CRÍTICA denunciou três policiais militares da Força Tática por agredirem uma adolescente de 15 anos e dois rapazes de 18 e 22 anos, com um pedaço de madeira. Os militares foram identificados pelo Comando–Geral da PM e estão presos no Batalhão de Guardas.