domingo, 26 de abril de 2015


"... Mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, ..."

Prezados Colegas e Amigos

Com alto grau de constrangimento, ora enviamos este e-mail com seu anexo contendo o Ensaio “A HISTÓRIA SE REPETE” há muito disseminado e que continua bem atual.

Neste momento histórico que vivenciamos, a Escola Superior de Guerra – ESG está sob intenso fogo inimigo, como os militares dizem no seu jargão.

Pertencemos e atuamos no grande sistema ESG/ADESG há cerca de 49 anos (desde 1966) e, em muitos períodos, com grande intensidade.

Presenciamos, em seu âmago, momentos de todos os tipos. Mas, nunca uma situação tão preocupante como a que ora vivemos.

Preocupação agravada pela inércia e silêncio dos que conhecem e guardam a verdade para si, por comodidade, interesse pessoal ou falta de elã.

Acreditamos conhecer uma possível resposta à indagação que ora impera em seu âmago: “Por que há uma tenaz e contínua investida contra a ESG?”.

Estamos convictos de que esta resposta está contida no citado Ensaio anexo que encerra a gênese do ambiente que os últimos governos têm proporcionado contra o sistema ESG/ADESG e que já foi amplamente difundido por cópia neste sistema e no âmbito do Ministério da Defesa, além da publicação no periódico ADESGUIANO.

É triste e difícil assistir, impotente, a esse desenrolar dos acontecimentos!

Está sendo veiculada na televisão uma gravação com entrevista do Exº Sr. Ministro da Defesa afirmando, entre outras notícias, que estava em andamento a troca do nome da Escola Superior de Guerra para Escola Superior de Defesa. Seguiu-se uma tentativa de justificar a medida, completamente fora de propósito.

Caso tivesse feito qualquer curso da tradicional ESG, S.Exª saberia:

1. que Guerra é um fenômeno sociológico que todos os povos já sofreram com ele e, inevitavelmente, poderão vir a experimentar no futuro em seus processos histórico-culturais;

2. que Guerra não tem sua escalada e eclosão por decisão militar;

3. que declaração de Guerra ou acordo de Paz, formal ou não, são atos políticos e não militares (vide Art. 137 de nossa Carta Magna);

4. que não há lógica falar de Defesa sem considerar Hipóteses de Guerra;

5. que, como sendo o fenômeno sociológico mais importante para qualquer nação, muitas vezes surgindo por vontade exógena, a Guerra não deve ser improvisada e deve ser sempre prevista em termos de Hipóteses; e

6. que, sem esgotar o assunto, a Guerra pode se manifestar de variadas maneiras como, por exemplo, Guerra Econômica, Guerra Psicológica, Guerra Fria, Guerra Religiosa, Guerra Diplomática, Guerra Subversiva, Guerra Cultural, etc, etc, etc.

Infelizmente, S. Exª não atinou para o fato de que Guerra não pressupõe, por si só, um conflito armado que eclode por atos volitivos dos conflitantes. Muitas vezes surgem de escaladas incontroláveis pelas partes que passam a ser beligerantes.

Nunca é demais relembrar que, completamente contra a vontade nacional, a Nação Brasileira foi levada a participar de inúmeros conflitos historicamente nominados como Guerra do Paraguai, Grande Guerra, II Guerra Mundial e, mais recentemente, Guerra da Lagosta, entre outras. Em todas, dentro de nossas possibilidades, nos defendemos com sucesso. Qualquer leigo conclui que Defesa é ação e que Guerra é fenômeno sociológico.

Em termos de técnica de Administração, quando departamentalizamos uma estrutura organizacional os nomes de seus órgãos devem retratar o “problema” de responsabilidade direta de cada um e não a “solução” que cada um deve adotar.

Considerando tudo isto, mesmo para qualquer medíocre analista, evidencia-se a aproximação do fim da ESG como concebida em julho de 1949 – por um eminente grupo de verdadeiros brasileiros – e, concomitantemente, o inevitável desvanecimento da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG.

É desalentador!

Gilbert Keith Chesterton (crítico inglês: 1874-1936) em sua época já enfatizava: Quem muito me preocupa não são aqueles que não veem soluções e sim os que não querem ou não conseguem sentir e entender os problemas.

Entretanto, devemos sim, como brasileiros - e como fazemos -, aproveitar todas as oportunidades para defender o grande sistema ESG/ADESG, mantendo sempre em mente que "O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever.

Cordialmente,

AD

Dr Amaury Dabul