João Vaccari Neto é preso
pela PF em nova etapa da Operação Lava Jato
Tesoureiro do PT
foi detido em casa, em São Paulo, e será levado para Curitiba. Procurador
Carlos Santos Lima disse que Vaccari orientou o pagamento de propina através de
Gráfica de campanha
Reutersredacao@brasileconomico.com.br e Agência Brasilredação@brasileconomico.com.br
A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira o tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, em mais uma fase da operação Lava Jato, que investiga esquema
bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e partidos
políticos, informou a mídia nesta quarta-feira.
Em nota, a PF informou que foram cumpridos um mandado de busca e
apreensão, um mandado de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e
um mandado de condução coercitiva na 12ª etapa da operação.
De acordo com veículos de comunicação, Vaccari foi preso em casa, em São
Paulo, e será levado pela PF para Curitiba, onde estão concentradas as investigações
da Lava Jato.
Vaccari responde a processo relacionado à Lava Jato sob acusação de
receber doações para o PT oriundas de propinas pagas por empreiteiras para a
obtenção de contratos com a Petrobras.
Segundo o Ministério Público Federal, o tesoureiro do PT tinha
conhecimento da origem ilícita das doações. Vaccari e o partido negam as
acusações.
Em depoimento à CPI da Petrobras na semana passada, Vaccari negou ter
tratado das finanças do partido com executivos da Petrobras investigados no
caso de corrupção na estatal, além de afirmar mais de uma vez que não cuidou da
parte financeira da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A prisão preventiva do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi
motivada, de acordo com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público
Federal (MPF), pela existência de “indícios concretos” de reiterada prática
criminosa assim como pela "comprovação clara” de crimes como lavagem de
dinheiro e fraude contra o sistema financeiro. Vaccari nega as acusações.
O tesoureiro também é suspeito de operar um esquema criminoso que
desviava recursos de publicidade de órgãos públicos por meio de gráficas.
Segundo as investigações, essas empresas eram forçadas a emitir notas fiscais
falsas para dar legalidade a pagamento de altos valores.
“Verificamos o pagamento para uma gráfica com a ausência da prestação de
serviço. Isso nós já temos comprovado. São notas bem genéricas, em que constam
apenas serviços gráficos”, explicou o procurador Carlos Santos Lima, em
entrevista coletiva em Curitiba.
A mulher de Vaccari, Giselda Rose Lima, e a cunhada dele, Marice Correia
Lima, também foram alvos da 12ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã
de hoje (15). Contra a mulher de Vaccari foi expedido mandado de condução
coercitiva. Contudo, ela foi ouvida por agentes da Polícia Federal em casa. Em
relação a Marice Correia Lima, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos
processos decorrentes da Lava Jato, expediu mandato de prisão temporária. Ela
ainda não foi localizada pela PF.
Para o MPF, Vaccari exercia papel semelhante ao do doleiro Alberto
Youssef, como uma espécie de operador do esquema de fraudes em contratos da
Petrobras e de empresas de publicidade com órgãos públicos. “A posição de João
Vaccari é muito semelhante [à do doleiro Alberto Youssef] no sentido de que ele
aparece como operador, representante de um esquema político-partidário dentro
da Petrobras”, disse o procurador.
Segundo o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, desde 2004,
João Vaccari Neto “desafia” as autoridades “reiteradamente”. “Nem uma ação
penal da Justiça de São Paulo, em 2010, o intimidou em nada”, frisou o
delegado. A prisão de Vaccari, acrescentou Romário de Paula, está embasada
também em depoimentos de cinco presos em fases anteriores da Lava Jato e
comprovação documental “clara” de práticas ilícitas.
“A prisão não ocorreu baseada apenas nas delações, mas no material
fornecido por esses delatores e também em documentos apreendidos na operação. É
bem claro o material apreendido contra ele. Já há indícios concretos de
crimes”, disse o delegado da PF.
Vaccari foi citado como intermediário de pagamento de propinas oriundas
de contratos superfaturados da Petrobras pelos ex-diretores da estatal Paulo
Roberto Costa e Pedro Barusco, pelo doleiro Alberto Youssef, pelo empreiteiro
Júlio Camargo, e pelo executivo da empresa Toyo Setal Augusto Mendonça.
De acordo com as investigações da Polícia Federal e do Ministério
Público Federal, há suspeitas de que Vaccari usava parentes para tentar
acobertar transações ilícitas. “Verificamos que a família dele tem diversas
operações suspeitas, com valores significativos transitando por contas
bancárias de familiares”, disse o delegado.
Segundo o procurador Carlos Santos Lima, algumas transações financeiras,
como a compra de um apartamento pela filha de Vaccari no valor superior a R$ 1
milhão, e movimentações bancárias superiores a R$ 300 mil nos últimos três anos
na conta da mulher do tesoureiro do PT, sem comprovação da origem dos recursos,
apontam o crime de lavagem de dinheiro.
Preso por volta das 6h, em São Paulo, quando se preparava para fazer uma
atividade física, João Vaccari Neto deve chegar à carceragem da PF em Curitiba
no início da tarde. Ainda não há previsão sobre a data em que ele prestará
depoimento à Justiça.