Diplomacia e Defesa: Oficiais-generais relatam experiências de projeção
internacional das Forças Armadas
Publicado em Sexta, 10 Abril 2015 16:28 | Última atualização em Sexta,
10 Abril 2015 16:40
Brasília,
10/04/2015 – Ao longo do seminário “Diplomacia e Defesa”, oficiais-generais da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica apresentaram suas experiências de
cooperação com nações-amigas, exercícios conjuntos e outras atividades de
aproximação do país com a área internacional. Encerrado nesta quinta (9), o
evento, promovido pela Chefia de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa,
também fez parte do Curso de Diplomacia de Defesa, promovido pela Escola
Superior de Guerra.
Foto: Tereza Sobreira
Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, do Estado-Maior da Armada:
Atlântico Sul é a prioridade da Marinha do Brasil
O subchefe de
Estratégia do Estado-Maior da Armada (EMA), almirante Flávio Augusto Viana
Rocha, falou sobre a importância de se estreitar o relacionamento com as forças
navais amigas e aumentar o compartilhamento de informações nas áreas marítimas.
A Marinha do Brasil
possui acordos de cooperação com os sete países da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São-Tomé-e-Príncipe e Timor Leste. Também atua nos marcos da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) – órgão das Nações Unidas que tem o
Brasil entre seus 24 membros.
O Atlântico Sul é
uma das prioridades da Marinha, já que é onde se localiza a chamada Amazônia Azul,
espaço marítimo que integra as Águas Jurisdicionais Brasileiras com uma
dimensão de cerca de 4,5 milhões de km². É na Amazônia Azul que se concentram
as bacias petrolíferas da Camada Pré-Sal e os diversos portos que resultam em
cerca de 95% do comércio marítimo.
No Golfo da Guiné,
por exemplo, existe a preocupação em ampliar a troca de informações entre as
marinhas devido ao foco de ameaças constantes de pirataria. Assim, a Marinha do
Brasil firmou, desde 2010, um acordo de cooperação e intercâmbio de informações
do trafego marítimo. Foram agrupados três tipos de sistemas de comunicação,
como o de controle de tráfego marítimo italiano, o Service-oriented
infrastructure for Maritime Traffic tracking (SMART), o de Cingapura, Automatic
Identification System (AIS) com o Sistema brasileiro de Informações Sobre o
Tráfego Marítimo (SISTRAM).
Exército
Em sua palestra, o
general Joarez Alves Pereira, da 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército
(EME), avaliou que "a diplomacia e a capacidade de uso das Forças sempre
andaram juntas nos países que exercem influência global". O oficial
acredita que o principal objetivo do Exército neste escopo é ampliar a projeção
da Força no cenário internacional.
Em sua explanação,
Joarez afirmou que a cooperação em defesa é uma das estratégias para se
alcançar esta projeção. "No campo da defesa, o Exército desenvolve
programas como missões de instrução militar, assessoramento
técnico-profissional e participações em missões de paz e humanitárias",
explicou.
O representante do
EME acrescentou que a Força Terrestre realiza conferências bilaterais de
Estado-Maior objetivando estreitar laços de parceria nas áreas de pessoal,
ensino, inteligência, operações, doutrina, logística, ciência e tecnologia, entre
outros. "Em 2015 estão previstos eventos com representantes do Canadá,
Chile, Estados Unidos, França, Reino Unido, Uruguai e Venezuela", disse.
Com a finalidade de
aprofundar o relacionamento com os Exércitos africanos, o Estado-Maior criou o
Projeto África, que está possibilitando, por exemplo, a implantação de equipes
móveis de treinamento, formação de forças especiais da África do Sul e
intercâmbios com centros de operações de paz.
Outro fórum de
diplomacia militar é a Conferência dos Exércitos Americanos. Criada em 1960,
com a finalidade de troca de experiência entre as Forças Terrestres do
continente americano, ela é composta atualmente por 20 exércitos membros, cinco
exércitos observadores e dois organismos observadores. "Também estamos
procurando avançar em exercícios militares internacionais", declarou o general.
Neste sentido, 22
operações estão planejadas para 2015 em conjunto com Argentina, Canadá, Estados
Unidos, China, Suécia, Paraguai, Espanha, Portugal, África do Sul, Peru,
Equador, Chile e Colômbia.
Conforme o titular
do Estado-Maior, o Exército quer fazer a divulgação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) para os países da região Amazônica já que
a vigilância fronteiriça interessa a todos. "Ainda este ano, iremos fazer
uma visita a Dourados (MS) para que os adidos militares conheçam o
Sisfron".
As missões de paz são outro
instrumento utilizado pela diplomacia militar do Exército. A Força participa
com 1.472 militares em operações das Nações Unidas espalhadas pelo mundo.
"Neste campo, o nosso desafio é elevar o nível das tropas, com um perfil
mais especializado", comentou.
Força Aérea
Brasileira
O representante do
Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), brigadeiro Ricardo Reis Tavares, discorreu
sobre a projeção da Força Aérea Brasileira (FAB) no cenário internacional, sobretudo
em atividades como encontros bilaterais, reuniões e capacitações. “Com esses
eventos, você vai aumentando o conhecimento e a cooperação com outras nações”,
acrescentou.
Brigadeiro Ricardo Reis Tavares, do EMAER: Ajuda humanitária é uma das
estratégias de projeção internacional da FAB
Tavares citou, como
exemplo, os encontros com chefes de Estados-Maiores, que acontecem a cada dois
anos, e o exercício CRUZEX Flight, de manobra e doutrina realizado em
conjunto com diversos países.
Ações de ajuda
humanitária foram lembradas pelo brigadeiro Reis como outros elementos de
diplomacia de defesa. Sobre isso, o oficial-general explicou que desde 1961
existe o Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA). Com
sede em Tucson, no Arizona, a organização tem por foco a realização de
operações de auxílio a desastres naturais
“Ajuda humanitária
e solidariedade também são diplomacia de defesa”, sentenciou. Entre os eventos
desta natureza estão transporte de feridos, ações cívico-sociais, entrega de
mantimentos e apoio em catástrofes.
Por Ten. Fayga Soares, Alexandre Gonzaga e Marina Rocha
Assessoria de
Comunicação
Ministério da Defesa
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