Exploração de petróleo no
Brasil atinge o menor nível desde 2007
Segundo contagem da
americana Baker Hughes, país tinha apenas 24 sondas de perfuração de poços
marítimos em março. Estatal decidiu focar atenções no desenvolvimento de
reservas já existentes
Nicola Pamplonanicola.pamplona@brasileconomico.com.br
Rio - Estatísticas da americana Baker Hughes indicam que a
atividade de perfuração de poços de petróleo atingiu no Brasil, no primeiro
trimestre de 2015, o pior nível desde o final de 2007, logo após a confirmação
das reservas do pré-sal. Segundo os dados, o país teve, nos três primeiros
meses do ano, uma média de 24,66 sondas marítimas em operação, o número mais
baixo desde o último trimestre daquele ano, quando 22 unidades operavam no
país. A estatística não considera ainda a suspensão das operações de quatro
sondas contratadas pela Petrobras ao grupo Schahin, investigado pela Operação
Lava Jato.
A redução no número de sondas se intensificou a partir do ano passado,
quando a Petrobras decidiu focar suas atenções no desenvolvimento de reservas
já descobertas, com o objetivo de melhorar seu fluxo de caixa para enfrentar a
delicada situação financeira gerada pela defasagem nos preços dos combustíveis.
A busca por novas reservas, que teve seu auge na virada da década, ficou em
segundo plano na estratégia da companhia — em junho de 2011, momento de maior
atividade no segmento, havia 50 sondas de perfuração marítimas no país.
Segundo especialistas, a situação se agravou após a deflagração da
Operação Lava Jato e tende a piorar, diante das perspectivas de novos cortes
nos investimentos em exploração, já anunciados pela direção da estatal. Desde o
início de 2015, pelo menos quatro contratos foram cancelados — dois com a
norueguesa Seadrill, um com a Diamond Offshore e um com a Pacific Drilling,
ambas sediadas nos Estados Unidos. A empresa tem como estratégia manter a frota
necessária para perfurar poços de produção em reservas já descobertas.
A redução do número de sondas tem provocado demissões no setor,
principalmente, em Macaé, no Norte fluminense, onde estão as bases de operação
das maiores empresas do setor. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), a cidade teve um saldo negativo de 2.187 postos de
trabalho no primeiro bimestre do ano, um dos maiores do país. Excluindo a
administração pública, que ficou estável, todos os demais setores da economia
tiveram saldo negativo na geração de empregos no município.
Além da crise da Petrobras, a atividade de exploração de petróleo no
país sofre as consequências dos cinco anos sem leilões de áreas petrolíferas,
após a confirmação das reservas gigantes do pré-sal. O governo retomou as
rodadas de licitação em 2013, mas as novas concessões ainda não chegaram à
etapa de perfuração de poços exploratórios. O mercado espera uma recuperação da
atividade a partir do ano que vem, tanto com as primeiras perfurações dos
blocos das novas rodadas, quanto com a solução da crise da estatal.
“Acreditamos que (esta situação) vai durar pelo menos 12 meses, talvez
18”, disse o presidente da Pacific Drilling, Chris Beckett, em teleconferência
com analistas para explicar o balanço da companhia no mês passado. “Obviamente,
precisamos de alguma estabilidade no preço do petróleo para que a empresa possa
ter o fluxo de caixa necessário para continuar suas atividades de exploração e
desenvolvimento da produção”, completou o executivo.
Ontem, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) publicou ata de reunião de diretoria que aprova a cessão, para BP e Total,
de fatias da Petrobras em duas áreas exploratórias nas bacias de Pelotas e
Potiguar. Conhecida no mercado como farm out , a venda de participações é uma das
estratégias adotadas pela companhia para reduzir riscos e dividir investimentos
em exploração de novas áreas. Normalmente, os novos sócios se comprometem com
os aportes iniciais nos projetos em operações deste tipo.