Ricardo Cravo Albin: ABL e ESG em revisão
Debruçando-me sobre
mim mesmo, vejo o quanto errei e o quanto de conceitos tortos alimentei no
ardor (e na boa-fé) dos verdes anos
O Dia
Rio - O verificar com lupa as origens das coisas e
de fatos sempre me atrai. Desde sempre deparei com eventos ou objetos que
pareciam carimbados, definidos, imutáveis. Claro que os há permanentes e
definitivos. Mas o ‘pré-conceito’ muitas vezes faz e congela um entendimento
qualquer, condenando-o a uma inamovibilidade indevida. Isso, aliás, é muito
comum no ardor da mocidade e na algaravia dos radicalismos. Jovens tendem ao maniqueísmo,
e velhos recalcitrantes também. Ou seja, ou é esquerda ou é direita, ou vai ao
céu ou ao inferno. O “in medio veritas” seria coisa de gente menos acreditada,
por vezes desonesta.
Debruçando-me sobre mim mesmo, vejo o quanto errei
e o quanto de conceitos tortos alimentei no ardor (e na boa-fé) dos verdes
anos. Ainda recentemente, ao fazer neste espaço uma apreciação sobre a Academia
Brasileira de Letras, referia-me ao tradicional chá das cinco. Que há anos
passados era objeto caricatural de zombaria, ao ser tido e havido como reunião
de velhinhos para discutir amenidades literárias, quase sempre mofadas. E hoje?
Qual a consequência do conceito? Jaz por terra, face ao vigor da Academia e ao
seu eficacíssimo censo de fazimentos culturais. A ABL é hoje um canhão a
disparar tiros certeiros, tanto para recuperar memórias quanto para perfilar
sem-número de eventos criativos.
Nesta última sexta-feira, fiz conferência na Escola
Superior de Guerra. E, ante sua seriedade, competência e prioridade para
refletir (com objetividade) sobre o Brasil profundo, comprovei mais uma
injustiça hoje sem o menor sentido, nestes dias duvidosos: a leviandade com que
algumas cabecinhas ocas ainda consideram a ESG como um núcleo de patriotada
inútil, um celeiro de reacionarismo e de militarização do país. Nada mais
falso.
Saí de lá certo de que preconceitos ainda povoam
mentes enevoadas. E que alimentam inverdades. Mesmo de gente até
bem-intencionada.
Ricardo Cravo Albin é presidente do
Instituto Cultural Cravo Albin