Argentina ajuda o setor
elétrico do país após dificuldades no fornecimento
Depois de apagão,
país importou quase 1 mil MW do país vizinho durante pico de consumo da última
terça-feira
Mariana
Mainenti
mariana.mainenti@brasileconomico.com.br e Nicola
Um dia após o corte seletivo de energia durante o horário de pico de
consumo, o Brasil apelou a importações da Argentina para garantir o
abastecimento. Segundo relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), o país vizinho contribuiu com 998 megawatts (MW) às 14h48 do dia 20,
quando a demanda atingiu o pico de 83.830 MW. Ontem, a Santo Antônio Energia
informou que propôs ao governo o aumento da capacidade de geração da usina de
Santo Antônio em até 150 MW, para contribuir com a segurança do abastecimento.
De acordo com o ONS, as importações da Argentina se deram em dois
períodos durante o dia 20: entre 10h23 e 12h e entre 13h e 17h20, com o
objetivo de “contribuir no atendimento à ponta do SIN (Sistema Interligado
Nacional)”. Os volumes variaram entre 500 MW e 1.000 MW, diz o Informativo
Preliminar Diário da Operação (IPDO). Para especialistas, a falta de capacidade
de geração para atender à demanda de pico provocada pelo calor está na raiz dos
problemas da última segunda-feira, que atingiram 10 estados e o Distrito
Federal.
As importações foram feitas pela estação conversora Garabi II, no Rio
Grande do Sul. Segundo o acordo bilateral entre Brasil e Argentina, não há
pagamento em dinheiro pela compra de energia — os volumes são contabilizados em
uma espécie de conta, para acerto com a devolução em energia. No dia 31 de
dezembro de 2014, segundo o ONS, o Brasil tinha uma dívida de 9.185,81
megawatts-hora.
Além de importar energia da Argentina, o ONS aumentou a transferência de
eletricidade da Região Sul para as Regiões Sudeste e Centro-Oeste, que
enfrentam uma das piores crises hídricas da história. Durante o dia, foram
transferidos 2.513 MW médios, com o objetivo, segundo o Operador, de compensar
restrições nas interligações com a Região Norte — apontadas pelo governo como a
principal causa da redução de frequência que levou ao apagão.
Pelo mesmo motivo, a geração da usina de Itaipu também foi superior ao
programado, atingindo 9.678 MW médios. Na terça-feira, o ministro de Minas e
Energia, Eduardo Braga, havia antecipado que o ONS adotaria medidas para
aumentar a segurança no suprimento durante o horário de pico.
Segundo o ONS, o nível dos reservatórios das Regiões Sudeste e
Centro-Oeste permanece em queda e fechou a terça-feira com 17,6% de sua
capacidade de armazenamento. No mês, a redução da capacidade é de 1,8%. Na
terça-feira, também houve queda dos níveis dos reservatórios do Sul e do
Nordeste, que chegaram a 67,8% e 17,3%, respectivamente.