Gen Ex Antônio Araújo de Medeiros, o
“Cabra”.
Caros amigos
Recebi, há pouco, a triste notícia do
falecimento do Gen Medeiros, amigo
de quem, por três anos, fui assistente e privilegiada testemunha de suas
virtudes de comandante, líder, amigo, cidadão, pai e avô extremado e marido
fiel e apaixonado!
Conheci o Gen Medeiros e sua família em
1964, quando meu pai, concludente do Curso de Estado Maior, foi classificado em
Uruguaiana. Fomos vizinhos!
Desde aquela época, chamava-me a
atenção a admiração que lhe dedicavam seus amigos, subordinados, pares e superiores,
principalmente pelo carisma natural, pela simplicidade, pela viva inteligência,
pela rapidez de raciocínio, pela franqueza, pela iniciativa, pela humildade e
pela liderança!
Fui testemunha de todas as virtudes do
“Cabra Medeiros”, do seu amor ao Exército, à Cavalaria e a seus símbolos.
Foi jogador de pólo eficiente,
aguerrido e vibrante. Tive a ventura de ser seu parceiro em inúmeros torneios
nos campos do Regimento de Dragões da Independência. Compartilhei com ele um
“baita piquete”, onde constavam, entre tantos craques, a éguas “Gringa” e
“Reiuna” e o famoso gateado “Cabra”, considerado, à época, o melhor cavalo de
pólo do EB!
Aprendi muito com o Gen Medeiros e fui
testemunha de exemplos que para sempre orientarão a minha vida, particularmente
a sinceridade, a coragem moral, o dinamismo e a iniciativa.
Como General de Exército era ainda o
mesmo “Capita debruçado na peiteira” que a todos empolgava com seu entusiasmo!
Dentre os muitos casos que emolduraram
sua admirável personalidade, uma marcou-me especialmente. Durante a preparação
de uma manobra na Amazônia - “Operação Surumú” -, na região de Roraima,
enquanto ele era o Sub Comandante do COTER, intermediei um encontro entre ele e
o então Adido do Exército Francês no Brasil que, por dever e curiosidade
profissional, pleiteava a oportunidade para acompanhar a manobra. O General o
recebeu com a sua natural descontração e informalidade e ouvido o pedido,
disse-lhe sorrindo, com sua voz alta e seu sotaque nordestino: “Cabra, vai
ser um prazer ter você conosco! Você vai comigo, no meu helicóptero. Vou lhe
mostrar tudo! E sempre que você quiser ir até a Amazônia, venha me pedir,
porque se um dia você ou qualquer um dos seus puser o pé lá sem ser convidado,
vocês vão me encontrar lá, como índio, como caboclo, como soldado ou como
general e vocês vão levar o maior pau da vida de vocês!”
Assim era o General Medeiros, direto,
objetivo, sincero, vibrante...
Finalizo lembrando sua
religiosidade. Devoto sincero de Nossa Senhora de Schoenstatt, ergueu várias
capelas à Santa por todos os lugares por onde passou, particularmente em
Brasília onde, em terreno doado pelo EB, construiu seu Santuário.
A fé que praticava com
Dona Shirley, seus filhos e netos nos assegura que, em meio à tristeza de seu
passamento, podemos afirmar que a vontade de Deus, escrita com Suas linhas
tortas e quase nunca inteligíveis, por certo abriu-lhe com carinho e consolo as
portas do Paraíso, de onde velará por nós e pelos seus queridos, rogando ao Pai
que console e ajude a nós todos a perseverar na fé que tantas vezes o ajudou a
vencer os momentos de dificuldade e desesperança!
Sentiremos a sua falta,
nos consola a sua fé!
PChagas