PIB da China cresce
7,4% em 2014 no menor patamar em 24 anos
Vendas do varejo
impulsionaram expansão da economia no último trimestre de 2014, segundo dados
divulgados pelo governo chinês
Reutersredacao@brasileconomico.com.br
Pequim - A economia da China cresceu no ritmo mais lento em 24 anos
em 2014, com preços menores de propriedades e com companhias e governos locais
enfrentando pesados fardos de dívida, o que mantém a pressão para que Pequim
adote medidas agressivas para evitar uma desaceleração mais acentuada.
Para investidores preocupados com o crescimento da China e do mundo
neste ano, os dados levantam duas perguntas:
Os números fracos e expectativas de mais fraqueza forçarão o banco central
a injetar centenas de bilhões de dólares em todo o sistema bancário para
incentivar o crescimento? Se a resposta for sim, o que isso significa para os
esforços de Pequim para reformar sua economia?
A segunda maior economia do mundo cresceu 7,4% em todo o ano de 2014,
informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta terça-feira, abaixo da meta
de 7,5% e marcando a expansão mais fraca desde 1990, quando o país foi afetado
por sanções na esteira do massacre da praça da Paz Celestial. A economia havia
crescido 7,7% em 2013.
O crescimento no quarto trimestre permaneceu em 7,3% na comparação com o
ano anterior, levemente acima das expectativas.
Economistas consultados pela Reuters esperavam que o crescimento no
quarto trimestre desacelerasse para 7,2% ante 7,3% no terceiro trimestre,
atingindo o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009, quando o
crescimento desacelerou com força para 6,6%.
Poucos esperavam que a China cumprisse a meta de 7,5% para o ano, mas o
desempenho foi melhor do que alguns temiam após alguns meses difíceis
alimentarem preocupações com a possibilidade de a economia estar caminhando
para uma desaceleração súbita.
"O período de crescimento miraculosamente veloz do país acabou, mas
vamos superar isso", disse um comentário na agência oficial de notícias
Xinhua, referindo-se ao longo período de expansão de dois dígitos.
"O fim da era de crescimento rápido não significa o fim da economia
chinesa", acrescentou.
Na comparação trimestral, o crescimento econômico enfraqueceu para 1,5%
contra expectativa de 1,7% e ante 1,9% no terceiro trimestre.
Medidas
Os dados de dezembro apresentaram várias surpresas após um novembro
fraco.
A produção industrial avançou 7,9% em dezembro sobre o ano anterior,
contra expectativas de aumento de 7,4% e uma alta de 7,2% em novembro.
Já as vendas no varejo avançaram 11,9% em dezembro sobre o ano anterior,
acima das expectativas de analistas de 11,7%.
Entretanto, o investimento em ativos fixos, importante motor do
crescimento, desacelerou para avançou 15,7% em todo o ano de 2014 sobre o ano
anterior, permanecendo perto da mínima em 13 anos.
O aumento do investimento imobiliário desacelerou para mínima em cinco
anos e as novas construções caíram, com a melhora das vendas de moradias no
final do ano.
Uma série de modestas medidas de estímulo ao longo do ano fizeram pouco
para impedir que a economia desacelerasse frente ao enfraquecimento do mercado
imobiliário, excesso de capacidade industrial, enfraquecimento do investimentos
e exportações erráticas.
Com a expectativa de mais enfraquecimento da economia chinesa neste ano,
novas medidas de suporte são esperadas, embora economistas estejam divididos
sobre quais ferramentas as autoridades irão usar e quando.
"Os números gerais reduzem a necessidade de mais estímulo, embora
permaneça algum espaço para afrouxamento já que os riscos ainda
permanecem", disse o economista do Crédit Agricole Dariusz Kowalczyk.
Ele acredita que o banco central irá cortar a taxa de juros novamente no
primeiro trimestre, após ação inesperada em novembro, e reduzirá a taxa de
compulsório dos bancos em 1 ponto percentual no primeiro semestre de 2015 em
uma tentativa de aumentar o empréstimo.
Outros, entretanto, acham que Pequim pode ter que se mostrar mais
agressivo, mas ao risco de criar bolhas, dada a necessidade de reduzir o peso
da dívida em empresas chinesas uma vez que isso as impede de realizar novos
investimentos.