Muçulmanos se sentem
humilhados pelo Ocidente, diz ex-Nobel da Paz
Egípcio Mohamed ElBaradei deu entrevista a jornal
austríaco.
Jihadistas são fáceis de recrutar em ambiente discriminatório, afirmou.
Jihadistas são fáceis de recrutar em ambiente discriminatório, afirmou.
Da EFE
Mohamed
ElBaradei ganhou o Nobel da Paz em 2005 (Foto: AP)
O prêmio
Nobel da Paz 2005, Mohamed ElBaradei, considera que o aumento do terrorismo
islamita se deve ao fato de muitos muçulmanos se sentirem tratados "como
lixo" pelo Ocidente.
Em
entrevista publicada neste domingo (25) pelo jornal austríaco "Die
Presse", o diplomata egípcio assegura que "não é desculpa para o que
ocorreu em Paris, é horrível, mas os jihadistas são fáceis de recrutar neste
ambiente".
ElBaradei
se refere ao sentimento de humilhação dos muçulmanos em países como o
Afeganistão, Síria, Líbia e Palestina como raiz da radicalização.
"Temos
que entender por que estas pessoas não são o Dalai Lama, mas terroristas
suicidas", disse ElBaradei, que tem sua residência em Viena.
ElBaradei
afirma que o Ocidente é "disfuncional" e "míope", e usa
como exemplo a prioridade dada nos meios de comunicação ao ataque contra a
revista satírica "Charlie Hebdo" no dia 7 de janeiro em Paris com
relação ao silêncio acerca do massacre de centenas de nigerianos pelas mãos do
grupo terrorista Boko Haram por volta dssa data.
"Quanto
se informou sobre este fato?", pergunta-se o ex-diretor geral da Agência
Internacional de Energia Atômica, a agência nuclear da ONU, com sede em Viena.
EUA e
Afeganistão
Por outra parte, ElBaradei diz indiretamente que os Estados Unidos são a raiz dos problemas do Afeganistão.
Por outra parte, ElBaradei diz indiretamente que os Estados Unidos são a raiz dos problemas do Afeganistão.
"Agora
todos dizem: Oh Deus, temos o Estado Islâmico (EI). Mas, quem criou o EI?. Quem
abriu a porta da religião na política? Olhem para o Afeganistão. Quem apoiou
aos mujahedins contra os russos?", comenta.
"Seria
possível uma grande mudança se as pessoas do Afeganistão e na Índia tivessem a
sensação de que nos preocupamos por eles. Se solucionamos alguns de seus
problemas e não apoiamos regimes repressivos. Caso contrário, estas bombas
sociais e políticas explodirão em nossas caras", adverte o egípcio.
Após sua
passagem pela agência nuclear de Nações Unidas, que dirigiu durante 12 anos até
final de 2009, ElBaradei tentou participar da democratização do Egito.
Durante
um mês, no verão de 2013, foi vice-presidente do Egito, mas renunciou perante a
forte repressão contra os seguidores do então deposto presidente islamita
Mohammed Mursi.