No último ano, conflito no Sudão do Sul tirou a
vida de mais de 600 crianças, alerta ONU
“As crianças no Sudão do Sul não só foram
afetadas pela nova onda de violência e também viraram alvos diretos de todas as
partes do conflito”, disse a representante especial do secretário-geral da ONU
para crianças e conflito armado, Leila Zerrougui.
Crianças em Juba,
Sudão do Sul. Foto: UNMISS
O conflito no Sudão
do Sul prejudicou seriamente a proteção de crianças, aumentando as
possibilidades de que sofram graves violações, concluiu um novo relatório
publicado nesta semana pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O primeiro
relatório do chefe da ONU sobre as crianças e o conflito armado no Sudão do Sul
documenta seis graves violações cometidas contra meninos e meninas no país,
cobrindo o período de março de 2011 até 30 de setembro de 2014. São elas,
assassinatos e mutilações, recrutamento e uso, violência sexual, sequestros,
ataques contra escolas e hospitais e negação de acesso humanitário.
O documento revela
que durante o período de dezembro de 2013 e setembro de 2014 mais de 600
crianças foram assassinadas. Nesse mesmo espaço de tempo, milhares de
crianças-soldado foram vistas em operações militares do Estado e em outros
grupos armados.
“As crianças no
Sudão do Sul não só foram afetadas pela nova onda de violência, elas também
viraram alvos diretos de todas as partes do conflito”, disse a representante
especial do secretário-geral da ONU para crianças e conflito armado, Leila
Zerrougui.
Ela lembrou que
seis meses depois da promessa do Exército Popular de Libertação do Sudão e de
outras partes do conflito de pôr fim e prevenir o uso de crianças, bem como
outras violações contra elas, nenhuma ação concreta foi tomada até o momento
para protegê-las.
O relatório insta o
governo do Sudão do Sul a desenvolver um programa de desarmamento,
desmobilização e reintegração para as crianças usadas em forças e grupos
armados, dando-lhes o apoio adequado para ao seu retorno às suas comunidades,
especialmente às meninas. O documento recomenda ainda o fim da impunidade para
os autores das violações descritas contra as crianças.