Contas do governo tem
déficit de R$ 17,24 bilhões em 2014, diz Tesouro
Foi o 1º déficit
fiscal nas contas públicas em 18 anos. Resultado foi impactado pelo aumento dos
gastos aliado à fraca economia
Reutersredacao@brasileconomico.com.br
Brasília - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência
Social) fechou 2014 com déficit primário de R$ 17,243 bilhões, o primeiro
resultado negativo da história, impactado pela expansão maior dos gastos em um cenário
de fraca atividade econômica.
Em 2013, a economia feita para pagamento de juros da dívida havia ficado
positiva em R$ 76,994 bilhões.
Segundo informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira, a receita
líquida atingiu R$ 1,014 trilhão, alta de 2,3% frente ao ano anterior, mas a
despesa total cresceu muito mais no período, 12,8%, a R$ 1,031 trilhão.
Só os gastos com benefícios trabalhistas (seguro-desemprego e abono
salarial) somaram R$ 54,381 bilhões, 21,7% maiores frente a 2013. Os
investimentos públicos somaram R$ 77,535 bilhões no ano passado, 22,6% maiores
na comparação anual, incluindo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para tentar mudar esse cenário e resgatar a confiança dos agentes
econômicos, a nova equipe econômica --encabeçada pelos ministros Joaquim Levy
(Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e pelo presidente do BC, Alexandre
Tombini-- já anunciou diversas medidas para reduzir gastos e elevar as
receitas. Juntas, essas ações somam pelo menos R$ 70 bilhões.
No ano passado, diante da fraca atividade econômica, a arrecadação de
tributos federais registrou retração real de 1,8%, a primeira vez desde 2009.
Em 2014, o Tesouro Nacional teve superávit primário de R$ 39,570
bilhões, queda de quase 70% sobre 2013, enquanto a Previdência Social
apresentou déficit de R$ 56,698 bilhões. No período, o BC mostrou resultado
fiscal negativo de R$ 114,8 milhões.
Só em dezembro, o governo central mostrou superávit primário de R$ 1,039
bilhão, o mais baixo desde 2008, quando houve déficit de R$ 19,994 bilhões.