Rebeldes ucranianos lançam
ofensiva após letal ataque a ônibus
Explosões no povoado de Tonenke derrubaram prédios.
Disparos ocorrem perto do aeroporto de Donetsk.
Disparos ocorrem perto do aeroporto de Donetsk.
Da AFP
Os
separatistas pró-russos do leste da Ucrânia
deflagraram um ataque em massa com foguetes, enquanto Ucrânia e Rússia trocavam
acusações pelo lançamento de um projétil contra um ônibus nesta terça, causando
a morte de 12 pessoas, no incidente mais letal desde a trégua de setembro
passado.
Os
foguetes riscavam o céu com poucos minutos de diferença e abriam enormes
crateras no chão nevado ao longo da frente militar que cerca um povoado
devastado, a 10 km ao noroeste do reduto rebelde de Donetsk.
As
explosões no povoado de Tonenke - onde resta apenas um pequeno grupo de seus
300 habitantes - derrubaram prédios e arrasaram as estradas que levam ao
aeroporto de Donetsk, alvo de disputa dos soldados ucranianos e dos
separatistas.
"É
uma guerra sem quartel", disse um soldado ucraniano.
"Os
ataques começaram às 5h da manhã (1h00 em Brasília). Houve um momento de calma
de uma, ou duas horas, no máximo. Nunca vimos algo assim", acrescentou.
As trocas
de tiros de morteiro ao redor do feudo separatista deixaram centenas de vítimas
civis desde o início dos combates, há nove meses.
Ataque a
ônibus
Nesta terça, um foguete de longo alcance matou 12 pessoas, ao explodir perto de um ônibus que seguia para Donetsk de uma cidade controlada pelo governo na costa do sudeste da Ucrânia.
Nesta terça, um foguete de longo alcance matou 12 pessoas, ao explodir perto de um ônibus que seguia para Donetsk de uma cidade controlada pelo governo na costa do sudeste da Ucrânia.
Imagens
da carcaça do ônibus amarelo em um campo de neve ensanguentada mostram o quão
distante se está de chegar a uma saída para o conflito. Até agora, o número de
mortos chega a 4.700.
O
presidente ucraniano, Petro Poroshenko, declarou à nação que os rebeldes
lançaram o foguete contra o ônibus, acrescentando que os responsáveis são
"aqueles que os apoiam, aqueles cuja mão os alimenta e arma, treina-os e
os anima a cometer crimes sangrentos", em clara alusão a Moscou.
Os separatistas negaram a autoria do ataque em comunicado.
Os separatistas negaram a autoria do ataque em comunicado.
O governo
ucraniano garantiu que os separatistas utilizaram lança-foguetes russos TOS-1,
que não se encontram na Ucrânia. Já o Kremlin negou, repetidas vezes, apoiar os
rebeldes pró-russos.
O TOS-1
foi empregado pelo Exército soviético no Afeganistão e pelas forças russas na
segunda campanha da Chechênia. Kiev garante que os rebeldes usaram o armamento
pela primeira vez na noite passada para atacar o povoado de Vesele (leste).
Rússia
indignada
O governo russo acusou os ucranianos, por sua vez, de estarem por trás do incidente do ônibus.
O governo russo acusou os ucranianos, por sua vez, de estarem por trás do incidente do ônibus.
"Estamos
indignados com os tiros contra um ônibus, outro crime dos militares de
Kiev", declarou o enviado do Ministério russo das Relações Exteriores para
os direitos humanos, Konstantin Dolgov.
"Isso
mina todos os esforços para conseguir a paz", acrescentou.
Nesta
segunda, a cúpula que deveria ter reunido Poroshenko e seu colega russo,
Vladimir Putin, na presença da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente
francês, François Hollande, foi adiada por tempo indeterminado e, agora, parece
mais incerta do que nunca. Merkel deu a entender que uma reunião é inútil,
enquanto não se respeitar o cessar-fogo.