Exmo Sr Ministro Jaques Wagner
Fui, com muito orgulho, Comandante do
Regimento Dragões da Independência, a Escolta Presidencial.
Todas as vezes em que meus soldados
iniciavam ou partiam para o cumprimento de uma das suas inúmeras missões, eu
lhes recomendava que trouxessem “nas pontas das laças os farrapos da
vitória”!
O senhor, como qualquer outra pessoa,
sabe que as lanças não são mais armas de guerra, nem tampouco os sabres que
recentemente foram reincorporados ao patrimônio cultural dos Dragões, assim
como as bandeirolas que tradicionalmente ornamentam as pontas das lanças.
Trazê-las de volta como “farrapos de glória” tem o simbolismo da vitória,
pois se tornam trapos no fragor do entrevero, entre poeira, fumo e sangue!
São, hoje, simbolismos, Sr Ministro.
Formas de buscar na realidade do passado a emulação e a responsabilidade
moral de fazer jus à herança deixada por nossos antepassados e honrada por
nossos antecessores.
Ao Exército e às demais Forças
Armadas do Brasil não cabe tergiversação no cumprimento das suas missões,
pois, para elas, só há um resultado honroso: A VITÓRIA! Elas foram feitas
para VENCER e assim tem sido ao longo da HISTÓRIA!
E Só há uma história, Sr Ministro,
que não se subdivide em épocas ou missões, ela se encadeia em eventos que se
suportam moralmente nos feitos que os antecederam e que, por sua vez, servem
de suporte aos que lhe sucedem.
A História Militar
brasileira é feita de valores perenes e imutáveis e reflete o
empenho de seus integrantes na preservação, na prática e no culto dos valores
dos Patriotas de Guararapes. As mesmas missões, os mesmos sacrifícios!
A tentativa de dividi-las no tempo –
ontem e hoje –, como ideológica e preventivamente têm tentado os integrantes
do Foro de São Paulo, é, portanto, inócua, inapropriada e desrespeitosa.
Inócua porque jamais conseguirá mudar
a natureza dos soldados. Inapropriada porque visa a objetivos ideológicos
rejeitados pela Nação e fora do contexto da natureza do homem brasileiro.
Desrespeitosa porque desconsidera os valores inarredáveis que fazem
respeitadas, em todo o mundo, as Forças Armadas do Brasil!
Recentemente, Sr Ministro, o senhor,
como Governador do Estado da Bahia, em atitude moralmente hostil às FFAA, mas
coerente com o objetivo estratégico que acabo de desqualificar, trocou o nome
de uma escola. Substituiu o nome de um General, antigo Presidente da
República, pelo de um terrorista, fanático e sanguinário, cujo ideário
macabro, exportado na forma de “manual de guerrilha”, levou inocentes à morte
no Brasil e continua a levar em muitas outras partes do mundo!
Que critérios direcionaram o seu pensamento
à tomada de uma decisão tão absurda e incoerente com a lógica deste e de
qualquer tempo da história da humanidade? Que explicação teria
o Sr para nos apresentar de forma a que pudéssemos entender a “sua” lógica?
Chamo a sua atenção para o fato de
que grifei a palavra explicação que, para nós, militares, difere
completamente de justificativa, ou seja, de antemão,
deixo-lhe claro que entendemos que não há perdão para um ato de
tamanho desrespeito, pois agride moralmente a história e os valores que fazem
das FFAA brasileiras as instituições mais respeitadas e prestigiadas pela
sociedade a servem, e demonstram que, na sua escala de comparação, elas valem
menos do que um terrorista assassino!
Que argumentos o Sr teria para nos
apresentar que justificassem, agora sim, o seu suposto
“voluntariado” para ser o intermediário entre as
FFAA - pelas quais, aparentemente, o Sr não tem respeito - e o governo, cargo
que o Sr ocupa, hoje, na Esplanada dos Ministérios?
Ficam as perguntas que espero ter
oportunidade de fazer-lhe pessoalmente e em público durante a sua permanência
no cargo.
Educada e respeitosamente,
Gen Bda Paulo Chagas
PS: Como não tenho o seu endereço
eletrônico, tomei o cuidado de enviar esta mensagem à Ouvidoria do MD como
"Solicitação".
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