Resistência da
inflação e juros em alta causam cenário negativo para a Zona Franca de Manaus
Com inflação de 6,41%
ano ano, e juros básicos de 11,75%, a economia tem como desafio crescer ou,
pelo menos, manter os números de 2014
Manaus (AM) , 14 de Janeiro de 2015
CAMILA LEONEL
Lideranças da Zona Franca avaliam que, se números
de 2015 pelo menos igualarem os de 2014, será grande conquista (Reprodução/internet)
A resistência da inflação – que ainda
não deu sinais de recuo – e a expectativa de novas elevações nos juros criam um
cenário negativo para a indústria como um todo, em especial para a Zona Franca
de Manaus. Com inflação de 6,41% ano ano, e juros básicos de 11,75%, a economia
tem como desafio crescer ou, pelo menos, manter os números de 2014. Logo na
posse, o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, falou em ajustes de alguns
tributos. Com isso a tendência é que os impactos sejam sentidos não apenas pela
indústria ou comércio, mas principalmente pelos consumidores.
O professor de economia Silvio Puga, da
Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam),
explica que a taxa Selic elevada pressiona os preços na economia para inibir o
consumo, o que é natural no contexto econômico brasileiro. “A elevação, tornará
o crédito mais caro e, portanto, inibirá o consumo. A queda no consumo é uma
das formas de se conter a inflação, estimada em 2015 para 4,5%, pelo Banco
Central do Brasil”. De acordo com Puga essa inibição será refletida no PIB nos
níveis Nacional, Estadual e Municipal.
Esse impacto, de acordo com a
economista Denise Kassama, na prática, vai retrair o mercado, uma vez que o
consumo diminuirá e isso poderá causar uma recessão na indústria semelhante à
que está acontecendo em fábricas do ABC paulista. “Sempre que a Selic eleva,
ela tende a segurar o consumo porque cresce o padrão de juros praticado no
mercado. A meta do governo é segurar o consumo. Nesse sentido, se houver menos
consumo, terá menos produção e menos emprego e o impacto na ZFM será muito
forte”, avalia.
Política econômica
Kassama explicou que será necessário
que o governo trabalhe políticas que evitem uma recessão no País. O presidente
do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, disse que
2015 será um ano difícil. “Não tem nada que não leve a enxergar 2015 com um ano
melhor que 2014, porque você não vê nenhuma medida efetiva do governo de
aumentar a produtividade da indústria local e isso aqui é muito importante
porque acaba sendo uma movimentação sócioeconômica”.
Na avaliação de Périco, a política
adotada pelo governo reduz a competitividade, mas é uma estratégia para
equilibrar as contas e retomar o crescimento, embora ele acredite que a
preocupação maior seja “aumentar a arrecadação e não o crescimento da indústria”.
Essa intenção ficou clara no discurso
inicial do ministro e Joaquim Levy e nas medidas já anunciadas pelo Governo.
Objetivo é restaurar
a confiança
O secretário de Estado da Fazenda do
Amazonas, Afonso Lobo, explica que o aumento da taxa de juros e reajuste de
impostos é uma forma de restaurar a confiança dos investidores, que atualmente
estão céticos com o mercado. Por outro lado, essas medidas têm consequências.
“Quando se aumenta juros e impostos,
uma das consequências é que diminuem os recursos para a atividade econômica em
geral”, analisa.
A estratégia para que a arrecadação em
2015 não sofra tanto com a diminuição dos recursos é “melhorar a nossa máquina
de arrecadação tributária, tornando-a mais eficiente”. Lobo disse ainda que
caso a confiança dos investidores aumente, a economia pode ter uma melhor
performance no segundo semestre de 2015.