Cem funcionários da ONU foram mortos em serviço
entre outubro de 2013 e novembro de 2014
Ataques contra
trabalhadores humanitários e forças da paz aumentaram. “Lacunas deixadas pelos
nossos funcionários que se foram nunca poderão ser preenchidas”, disse o chefe
da ONU em cerimônia na sede da Organização.
Cerimônia especial
aos funcionários da ONU mortos em serviço e aos 102 mortos no terremoto do
Haiti em 2010. Foto: ONU
Em um evento solene
na sede das Nações Unidas na manhã desta quinta-feira (8), o secretário-geral da
Organização, Ban Ki-moon, honrou colegas mortos em serviço, observando que,
enquanto a demanda por trabalhadores humanitários está crescendo a um ritmo sem
precedentes, ataques diretos contra eles estão em ascensão.
Entre outubro de
2013 e novembro de 2014, um total de cem funcionários da ONU foram mortos em
serviço.
“Vamos fazer uma
pausa juntos por um minuto de silêncio em sua memória”, disse Ban,
acrescentando que os colegas que se foram haviam feito “o último sacrifício” ao
servir à causa da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos.
“No ano passado,
funcionários da ONU foram mortos enquanto estavam descansando e jantando em um
restaurante em Cabul. Dois colegas foram alvo deliberadamente depois de sair de
um avião no aeroporto de Galkayo, na Somália. E um voluntário das Nações Unidas
do Sudão que estava tratando pacientes de ebola em Serra Leoa sucumbiram à
doença”, lembrou o secretário-geral.
“Alguns foram alvo
deliberadamente; outros foram mortos enquanto protegiam civis; outros ainda
pereceram em acidentes ou desastres naturais. Todos morreram no exercício de
suas funções, em condições difíceis e perigosas.”
Também na cerimônia
desta quinta-feira, a ONU fez uma homenagem aos 102 colegas que morreram no
terremoto devastador que atingiu o Haiti há cinco anos este mês.
“As terríveis
memórias desse dia ainda estão frescas em todas as nossas mentes e nas mentes
das pessoas do Haiti. As lacunas deixadas por nossos funcionários caídos nunca
poderão ser preenchidas. Eu visitei [o local] em julho passado e coloquei uma
coroa de flores em memória dos nossos queridos amigos e colegas”, disse o chefe
da ONU.
Nos últimos anos,
os ataques diretos contra funcionários das Nações Unidas tornaram-se mais
frequentes. “Estou chocado com o número de trabalhadores humanitários e das
forças de paz que foram alvos deliberados no ano passado, enquanto eles estavam
tentando ajudar as pessoas em crise”, disse Ban Ki-moon.
Ainda assim,
funcionários da ONU são perseverantes, disse Ban. No Iraque e na Síria, o
pessoal da Organização conduzem operações humanitárias para salvar vidas. Na
República Centro-Africana, Sudão do Sul, Mali e Ucrânia, eles estão prontos
para responder a crises políticas e de direitos humanos, lembrou Ban.
“Eu tenho visto
muitas dessas missões por mim mesmo. A bravura mostrada pelo pessoal das Nações
Unidas sob fogo é uma inspiração para todos nós, todos os dias”, disse Ban Ki-moon.
Prometendo
compromisso com a segurança, Ban sublinhou a importância de melhorar o
equipamento de apoio e a formação. Os Estados-membros devem apoiar estes
esforços, fornecer financiamento e garantir que todos aqueles que atacam o
pessoal da ONU sejam levados à justiça, disse ele.
Embora os ataques
tenham sido mais frequentes, a demanda por operações de paz e humanitárias
aumentou a níveis sem precedentes e é provável que continue a aumentar, devido
aos efeitos das alterações climáticas e da competição por recursos, disse o
secretário-geral.
“A melhor homenagem
que podemos oferecer aos nossos colegas caídos é continuar o seu trabalho,
expandindo nossas operações e estendendo a nossa mão onde a ajuda é
necessária.”