sexta-feira, 9 de janeiro de 2015


Cem funcionários da ONU foram mortos em serviço entre outubro de 2013 e novembro de 2014

Ataques contra trabalhadores humanitários e forças da paz aumentaram. “Lacunas deixadas pelos nossos funcionários que se foram nunca poderão ser preenchidas”, disse o chefe da ONU em cerimônia na sede da Organização.

 

Cerimônia especial aos funcionários da ONU mortos em serviço e aos 102 mortos no terremoto do Haiti em 2010. Foto: ONU

Em um evento solene na sede das Nações Unidas na manhã desta quinta-feira (8), o secretário-geral da Organização, Ban Ki-moon, honrou colegas mortos em serviço, observando que, enquanto a demanda por trabalhadores humanitários está crescendo a um ritmo sem precedentes, ataques diretos contra eles estão em ascensão.

Entre outubro de 2013 e novembro de 2014, um total de cem funcionários da ONU foram mortos em serviço.

“Vamos fazer uma pausa juntos por um minuto de silêncio em sua memória”, disse Ban, acrescentando que os colegas que se foram haviam feito “o último sacrifício” ao servir à causa da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos.

“No ano passado, funcionários da ONU foram mortos enquanto estavam descansando e jantando em um restaurante em Cabul. Dois colegas foram alvo deliberadamente depois de sair de um avião no aeroporto de Galkayo, na Somália. E um voluntário das Nações Unidas do Sudão que estava tratando pacientes de ebola em Serra Leoa sucumbiram à doença”, lembrou o secretário-geral.

“Alguns foram alvo deliberadamente; outros foram mortos enquanto protegiam civis; outros ainda pereceram em acidentes ou desastres naturais. Todos morreram no exercício de suas funções, em condições difíceis e perigosas.”

Também na cerimônia desta quinta-feira, a ONU fez uma homenagem aos 102 colegas que morreram no terremoto devastador que atingiu o Haiti há cinco anos este mês.

“As terríveis memórias desse dia ainda estão frescas em todas as nossas mentes e nas mentes das pessoas do Haiti. As lacunas deixadas por nossos funcionários caídos nunca poderão ser preenchidas. Eu visitei [o local] em julho passado e coloquei uma coroa de flores em memória dos nossos queridos amigos e colegas”, disse o chefe da ONU.

Nos últimos anos, os ataques diretos contra funcionários das Nações Unidas tornaram-se mais frequentes. “Estou chocado com o número de trabalhadores humanitários e das forças de paz que foram alvos deliberados no ano passado, enquanto eles estavam tentando ajudar as pessoas em crise”, disse Ban Ki-moon.

Ainda assim, funcionários da ONU são perseverantes, disse Ban. No Iraque e na Síria, o pessoal da Organização conduzem operações humanitárias para salvar vidas. Na República Centro-Africana, Sudão do Sul, Mali e Ucrânia, eles estão prontos para responder a crises políticas e de direitos humanos, lembrou Ban.

“Eu tenho visto muitas dessas missões por mim mesmo. A bravura mostrada pelo pessoal das Nações Unidas sob fogo é uma inspiração para todos nós, todos os dias”, disse Ban Ki-moon.

Prometendo compromisso com a segurança, Ban sublinhou a importância de melhorar o equipamento de apoio e a formação. Os Estados-membros devem apoiar estes esforços, fornecer financiamento e garantir que todos aqueles que atacam o pessoal da ONU sejam levados à justiça, disse ele.

Embora os ataques tenham sido mais frequentes, a demanda por operações de paz e humanitárias aumentou a níveis sem precedentes e é provável que continue a aumentar, devido aos efeitos das alterações climáticas e da competição por recursos, disse o secretário-geral.

“A melhor homenagem que podemos oferecer aos nossos colegas caídos é continuar o seu trabalho, expandindo nossas operações e estendendo a nossa mão onde a ajuda é necessária.”