quinta-feira, 8 de março de 2012

Rússia e Arábia Saudita trocam acusações em relação à “Crise Síria”
A “Crise Síria” está intensificando as rusgas entre os atores regionais e os players diretamente envolvidos nos assuntos do “Oriente Médio” dando mostras da complexidade das redes de alianças e parcerias, bem como dos riscos que uma guerra na região poderá trazer para o sistema internacional.
Os sauditas, principal aliado árabe dos EUA, acusaram diretamente a Rússia pelo desenvolvimento da crise na Síria, responsabilizando-a indiretamente pela violência que graça no país, na medida em que os russos estão impedindo quaisquer ações efetivas da comunidade internacional para encerrar a repressão e a violência do “Governo Assad”.
Nas palavras do “Ministério de Relações Exteriores” saudita, o Governo russo está abortando as iniciativas da sociedade internacional com seus entraves no “Conselho de Segurança da ONU”.
Em nota oficial, afirmou que “o veto russo deu ao regime sírio autorização para assassinar seu povo e persistir com seus crimes que vão contra os princípios humanitários, as leis e os pactos internacionais“*, e por isso “se expõem a uma responsabilidade moral e a ter que enfrentar a legalidade internacional”*.
A declaração rígida veio em respostas às acusações da Rússia de que os sauditas estão insuflando a ideia de fornecer armamentos à Oposição ao Governo sírio. O porta-voz russo do “Ministério das Relações Exteriores”, Aleksandr Lukashévich, referiu-se ao fato de seu homólogo saudita ter visto como uma “excelente ideia”* a proposta de armar a oposição, que Moscou considera como sendo composta por guerrilheiros e terroristas, em harmonia com o discurso do “Governo da Síria.
Os sauditas retrucaram que a consideração de Moscou “se opõe a verdade e está baseada em suposições errôneas repetidas pela imprensa oficial síria e que alegam que a Al Qaeda representa a coluna vertebral da oposição síria”*. Além disso, afirmaram que “a história responderá à acusação de armar os terroristas e revelará quem são os terroristas e quem está por trás deles”*.
A questão envolve mais que o posicionamento pró, ou contra o “Governo Assad” e ao fato de os sauditas se aliarem à Oposição e a maioria sunita na Síria. Diz respeito à “configuração geral de forças no Sistema Internacional”, levando-se em conta que os russos têm na região interesses contrapostos aos das potências ocidentais, em especial aos dos EUA.
Analistas destacam que o problema do fornecimento de armas aos rebeldes sírios, os quais vêm solicitando constantemente que lhes sejam dados os apoios neste sentido, implica no reconhecimento da guerra civil que já está instaurada no país, mesmo que os players internacionais ainda recusem a admiti-la e sabendo-se que o foco principal está em oferecer condições de resistência ao massacre, uma vez que estão sendo negadas formas de ajuda humanitária** e o governo, levando-se em conta as notícias divulgadas pela mídia internacional, está bombardeando indiscriminadamente as cidades onde há focos rebeldes, além de executar os opositores que são presos.
Observadores são unânimes em afirmar que a situação tenderá a piorar, já que se criou uma rede da qual dificilmente o governo poderá sair, não restando alternativa ao mandatário do país senão permanecer no cargo, adotando os meios que dispõe até a extremidade lógica. Inclusive intensificando a guerra civil, acusando os ocidentais por sua eclosão e transformando-a numa guerra regional para gerar o envolvimento de todos os atores internacionais, o que poderá forçar, devido aos custos e perdas envolvidas, a uma negociação que garanta a permanência do atual grupo no poder, já que seus aliados seriam levados a lhes apoiar diretamente durante o processo, deslocando os recursos necessários para manter o Regime.
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