sábado, 10 de março de 2012

Russos vão às ruas para contestar fraude eleitoral
DA EFE, EM MOSCOU
Milhares de pessoas atenderam neste sábado à convocação de grupos opositores na Rússia para sair às ruas de Moscou em protesto contra o resultado das eleições presidenciais do último dia 4, vencidas pelo atual primeiro-ministro do país, Vladimir Putin, mas consideradas fraudulentas pelos críticos.
Embora os organizadores do protesto considerem reduzido o número de 8 mil manifestantes divulgado pela polícia, por enquanto, a participação no movimento é muito menor que os 50 mil esperados pela oposição não parlamentar.
Os organizadores montaram uma tribuna na rua Novo Arbat. Centenas de bandeiras e cartazes refletem a rejeição dos ativistas a reconhecer Putin como o legítimo vencedor das eleições presidenciais.
Os discursos na tribuna são feitos não apenas pelos líderes opositores, mas também por observadores eleitorais que expõem os numerosos casos de fraude durante a votação, na qual Putin obteve 63,60% dos votos já no primeiro turno.
"Com as provas na mão, demonstrarão que as eleições não foram limpas. Houve fraudes em massa", exclamou o político opositor Vladimir Richkov, citado pelas agências de notícias russas.
Durante seu discurso no comício, ele disse que "as autoridades realizaram pequenas concessões, mas não estão dispostas a repetir as eleições parlamentares e presidenciais".
"Elas nos jogam na cara que não temos nenhum programa ou reivindicação concreta. Isso é mentira. Temos exigências claras: reforma política, tribunais independentes, eleição geral de governadores, desaparecimento da censura e novas eleições", acrescentou.
Richkov propôs um abaixo-assinado com 100 mil assinaturas para proteger os direitos dos presos políticos, cuja libertação é uma das principais demandas da oposição mais radical ao Kremlin.
A polícia de Moscou, que mobilizou 2,5 mil homens para garantir a segurança na área do protesto e advertiu aos organizadores contra as tentativas de alterar a ordem pública, denunciou neste sábado que alguns grupos preparam atos de provocação, como a instalação de barracas.
Na segunda-feira passada, centenas de ativistas foram detidos, entre eles vários dos líderes da oposição radical ao Kremlin, por se negarem a abandonar a praça Pushkin após um protesto pacífico.
Segundo a imprensa, a manifestação deste sábado é crucial para avaliar a capacidade de convocação da oposição, pois até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, parabenizou Putin pela vitória eleitoral, neste mesmo sábado.
O próprio Putin - cujo mandato como presidente expira em 2018, mas com possibilidade de reeleição - admitiu a existência de algumas irregularidades no pleito. No entanto, ele considera incontestável sua vitória.