Recuperação do crescimento
precisa de elevação do resultado primário
Novo ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, disse em entrevista coletiva, que criará nova
regra para salário
Brasília - O novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta
sexta-feira que a política fiscal do primeiro mandato da presidente Dilma
Rousseff foi importante para absorver choques econômicos, mas que agora são
necessários ajustes para a retomada do crescimento, "com elevação gradual
do resultado primário".
"A política fiscal teve papel importante... ao absorver os choques
econômicos via redução temporária de nosso resultado primário", disse
Barbosa em seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo. "Essa
política fiscal cumpriu o papel que lhe foi posto e atingiu seu limite",
afirmou.
"Agora, iniciamos uma nova fase de nosso desenvolvimento, uma fase
na qual é necessário recuperar o crescimento da economia, com elevação gradual
do resultado primário e redução da inflação."
Em entrevista coletiva após a cerimônia, Barbosa não quis fazer um
prognóstico sobre a alta dos preços, mas prometeu que o governo federal vai
fazer sua parte.
"Toda a equipe econômica partilha do objetivo de trazer a inflação
para o centro da meta, no prazo adequado, segundo o (presidente do Banco
Central, Alexandre) Tombini, até 2016. Nós (governo federal) vamos dar nossa
contribuição para isso."
Barbosa admitiu que os ajustes a serem feitos na política econômica
podem ter "eventuais impactos restritivos no curto prazo". Mas
ressaltou, em seu discurso, que "ajustes são medidas necessárias para a
recuperação do crescimento da economia, que por sua vez é condição
indispensável para continuar nosso projeto de desenvolvimento econômico".
As contas públicas se deterioram nos últimos anos a ponto de o Executivo
ter precisado que o Congresso aprovasse uma alteração na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) de 2014 que, na prática, eximiu o governo de obter um
superávit primário neste ano.
Na entrevista, o ministro disse que as medidas anunciadas nesta semana
--corrigindo distorções no salário-desemprego, abono salarial e pensões -- mais
a elevação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e novas condições de
empréstimo do BNDES são alguns dos ajustes que precisavam ser feitos.
"As medidas que estão sendo adotadas darão resultados
rapidamente... isso vai levar algum tempo, não vamos definir prazos agora, nós
vamos trabalhando com expectativas de mercado, mas o próprio mercado já prevê
um crescimento maior em 2016", disse Barbosa.
"À medida que a economia brasileira absorver o impacto das
correções e ajustes que estão sendo feitos, isso vai restaurar a confiança e o
nível de atividade vai responder", acrescentou.
SALÁRIO MÍNIMO
Também na entrevista, o ministro disse que o governo irá enviar ao
Congresso, "no momento oportuno", uma nova regra para o cálculo do
salário mínimo para o período de 2016 a 2019.
"A regra atual ainda vale para 2015", disse, lembrando que
Dilma editou um decreto fixando o novo valor do mínimo em R$ 788, e garantiu
que "continuará a haver aumento real do salário mínimo".
Pela regra atual, o salário mínimo é corrigido a cada ano com base na
variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes e na alta do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano imediatamente anterior.
INVESTIMENTOS
O novo ministro disse que sua pasta seguirá tendo "papel
central" na coordenação dos investimentos do governo federal, citando o
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), o Minha Casa Minha Vida e o
Programa de Investimento em Logística.
Segundo ele, será dada prioridade a ações que "ampliem a
atratividade de investimentos em infraestrutura para o capital privado".
Serão buscadas soluções que agilizem a realização e reduzam os custos dos
projetos de infraestrutura, de modo a aumentar a participação privada no seu
financiamento.
"Ao mesmo tempo, fortaleceremos a transparência e os instrumentos
de controle", disse. Para ele, o equilíbrio entre a urgência dos
investimentos e o custo e qualidade dos projetos, é "o maior
desafio", tanto para o Executivo como para o sistema de supervisão e
controle do Estado.
Barbosa lembrou também que o ministério irá coordenar e elaborar o Plano
Plurianual (PPA) do governo para 2016-2019 e que para isso será feita uma
análise de todos os programas federais e os resultados alcançados pelos PPAs
anteriores.
"A palavra de ordem é melhorar a qualidade do gasto público, sempre
orientado para uma estratégia de desenvolvimento com redução das desigualdades."
Barbosa disse que o aprimoramento da gestão pública depende também da
valorização dos servidores e que manterá o diálogo com todas as carreiras do
funcionalismo público, mas ressaltou que tudo se dará "dentro das
limitações econômicas que temos".
"Buscaremos equilibrar as justas demandas dos servidores com a
nossa capacidade financeira", acrescentou.