Especialista da
ONU condena guerra contra mulheres travada por Boko Haram
“A
violência sexual exercida pelo grupo extremista não é meramente um incidente,
mas integrada às estratégias de dominação e perpetuação do grupo”, disse a
representante especial sobre a Violência Sexual em Conflitos do
secretário-geral da ONU.
Um grupo
de refugiados em Diffa, cidade no Niger, depois de fugir da violência do Boko
Haram na Nigéria. Foto: OCHA/Franck Kuwonu
A
Representante especial sobre a Violência Sexual em Conflitos do
secretário-geral das Nações Unidas, Zainab Hawa Bangura, condenou o objetivo do Boko Haram de criar uma futura geração a sua
imagem e semelhança ao capturar, estuprar e tratar as mulheres como simples
parideiras de crianças para esses combatentes.
“Nesse
contexto, a violência sexual não é meramente um incidente, mas integrada as
estratégias de dominação e perpetuação do grupo”, disse Bangura em um
comunicado.
“Nas
histórias daquelas recentemente liberadas do cativeiro do Boko Haram, eu ouço
ecos comoventes das palavras de mulheres e jovens meninas que conheci mês
passado no Oriente Médio, que foram libertas de escravidão sexual pelo Estado
Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS)” observou Bangura.
A
representante disse estar consternada com os relatos de mulheres forçada a
casar-se com os seus captores, levando-as a viver uma vida de prisão e gravidez
forçada. Estas últimas revelações sugerem que o Boko Haram não só quer destruir
as estruturas familiares e de comunidades existentes, mas também controlar sua
futura composição.
“De forma
a criar uma nova geração feita a sua imagem e semelhança, eles estão travando
uma guerra contra a autonomia física, sexual e reprodutiva das mulheres e seus
direitos”, disse.
A
declaração foi emitida pouco mais de um ano depois que o grupo extremista Boko
Haram sequestrou 276 adolescentes em Chibok, estado de Borno, na Nigéria.
Muitas delas permanecem em cativeiro, juntamente com centenas de outras pessoas
que foram raptadas, tanto antes quanto depois do incidente.