terça-feira, 23 de junho de 2015


Vida dos palestinos está sendo ‘severamente’ restrita por Israel, diz especialista da ONU









Durante reunião ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, perito independente pediu o fim do bloqueio a Gaza, considerado por ele uma “punição coletiva”.

 

A barreira da Cisjordânia, juntamente com os postos de controle, bloqueios de estradas e o sistema de autorização, criou um regime restritivo que teve um efeito terrível sobre todos os aspectos da vida dos refugiados da Palestina. Foto: UNRWA/Isabel de la Cruz

Um especialista independente da ONU disse na última sexta-feira (19) que a comunidade internacional deve garantir a promessa dos direitos humanos universais para os palestinos que “vivem sob os longos 48 anos de ocupação israelense”.

“A crise em Gaza, devastada pela guerra, está se aprofundando. Na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, há violações diárias dos direitos dos palestinos na medida em que a terra é cada vez mais perdida para assentamentos ilegais”, alertou o relator especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados desde 1967.

Durante reunião no Conselho de Direitos Humanos, Makarim Wibisono disse que as “políticas de ocupação restringem a vida dos palestinos e os levam a deixar suas terras e casas, especialmente na área C da Cisjordânia e Jerusalém Oriental”, disse o especialista, após sua segunda missão para o região.

De 9 a 12 de junho, Wibisono visitou Amã, na Jordânia, onde se encontrou com a sociedade civil e representantes da comunidade local de palestinos, agências das Nações Unidas e funcionários do governo palestino. Ele foi incapaz de acessar o Território Palestino Ocupado, após o governo israelense não lhe ter concedido acesso e não ter respondido formalmente aos seus pedidos.

“A responsabilização é fundamental para lidar com violações passadas, bem como prevenir as futuras”, explicou. “Isso inclui a responsabilização por violações no âmbito de sucessivos operações militares israelenses, incluindo as hostilidades de 2014 em Gaza. É a única maneira de avançar.”

Nove meses após o cessar-fogo, cerca de 12.600 casas em Gaza foram totalmente destruídas durante as hostilidades de Israel em 2014, e “nem uma única foi reconstruída”, afirmou o especialista independente da ONU, alegando que vários fatores afetam a lenta reconstrução em Gaza, incluindo promessas dos doadores não cumpridas.

Wibisono observou que o bloqueio em torno da Faixa de Gaza, agora em seu oitavo ano, impõe severas restrições ao movimento de palestinos, bem como de importações e exportações, deixando Gaza dependente da ajuda internacional e aumentando o desemprego.

“Se Gaza se recuperar do dano causado pelas hostilidades e uma economia destroçada, o bloqueio deve ser encerrado. As pessoas merecem ajuda e a realização dos seus direitos humanos, e não punição coletiva”, argumentou.

O relator especial também foi informado sobre a falta de acesso aos cuidados de saúde em Gaza, onde mais de 11 mil palestinos ficaram feridos após a última escalada de hostilidades. “Os serviços de saúde também são afetados pelo bloqueio. Há escassez prolongada e crônica de medicamentos e suprimentos médicos”, disse ele.